quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O caminho a Potosí

Apenas 350km separam San cristóbal de Potosí, mas chegar ao nosso destino parecia impossível. A estrada que liga as duas cidades é de terra e, em alguns trechos, bastante estreita. As curvas são fechadas, o que obrigou os motoristas a dirigirem com ainda mais cautela. Não conhecíamos o caminho e a falta de sinalização fez com que nos perdêssemos, atrasando bastante a viagem. Não havia postos de gasolina, restaurantes ou hotéis no caminho. Ou seja: ninguém desceu do ônibus durante as 14h de percurso. Aliás, algumas pessoas desceram em momentos críticos.

O primeiro desafio foi passar por uma curva perigosa, na beira de uma ribanceira. Nosso excelente motorista, Domício, se concentrou para fazer a manobra e, com a ajuda de muitos caravaneiros dando instruções do lado de fora, além do seu grande companheiro na condução, Seu Marivaldo - que também ajudou com sua fé e energia positiva - conseguiu passar pelo trecho com segurança.

Mais tarde, chegou o segundo desafio: a água da chuva criou um "rio" no meio da estrada e não havia desvios ou rotas alternativas. Danilo e Fabrizzio se predispuseram a verificar a profundidade da água. Descalços, atravessaram o gélido riacho, com lama quase até os joelhos. Graças ao trabalho dos dois, o Inulatão pôde passar com mais tranqüilidade e vencemos mais um obstáculo das estradas bolivianas. Muitas outras vezes, os caravaneiros tiveram que pedir informações às comunidades por onde passávamos, para assegurar que estávamos no caminho certo. Numa destas ocasiões, acabamos dando carona a três bolivianos.

À noite, começou a chover, a terra virou lama e o ônibus quase atolou. Os carros da frente, menores, ficaram presos, impedindo que outros veículos transitassem pela via. Já era quase meia-noite. Nosso herói, Fabrizzio, vestiu uma lanterna na cabeça e foi averiguar a melhor maneira de contornar a situação, acompanhado pro Felippe. Esperamos durante quase uma hora, num frio de congelar os dedos, até que o carro da frente conseguisse seguir. Algum tempo depois, chegamos a Potosí, cidade que, na época do domínio espanhol, chegou a ser "o nervo principal do reino", como definiu o vice-rei Furtado de Mendonça, devido à abundância da prata. Em aproximadamente 1650, Potosí tinha a mesma quantidade de habitantes que Sevilha, Madri, Roma ou Paris. No século XVIII, no entanto, começa seu declínio.

2 comentários:

  1. Que AVENTURA!!!! Hem?
    Muita coisa pra contar, muita coisa para lembrar!

    Um beijo para todos e um super especial para minha filha linda, Camila que esta fazendo aniversário hoje!

    Cristina Castro

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  2. Como sempre, apesar das dificuldades, os caravaneiros se saem muito bem: superam qq obstáculo e imprevisto com inteligência, criatividade, originalidade e coragem.

    Parabéns e sorte a todos!

    Continuem mandando ver, continuem me fazendo sentir orgulho de ter partilhado parte da
    jornada.

    Saudades!

    Marcela Isis

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